Por J. Warner Wallace
Tradução: Nathan Cazé
(Does Pain and Suffering Prove There Is No God?)
Todos
nós reconhecemos o fato de que vivemos em um mundo ‘menos do que
perfeito’. Todos nós reconhecemos que o mal moral e natural são
abundantes. Todos nós entendemos o que significa testemunhar (ou
pessoalmente experimentar) estes tipos de mal. Vivemos em um mundo que
está cheio de crime, pobreza, doenças e desastres naturais. E enquanto
podemos falar sobre o mal natural e o mal moral de forma analítica, no
final da contas precisamos tratar a maneira em que experimentamos isto. O
mal apresenta-se à nós individualmente por meio de experiências de
‘dor’ e ‘sofrimento’.
Todos nós já
experimentamos algum tipo de dor; todos nós sofremos de alguma forma em
um momento ou outro. Teístas e ateus igualmente têm que explicar o fato
de que o mundo está cheio de dor e sofrimento, e os ateus muitas vezes
veem a existência da dor e sofrimento como evidência de que Deus
simplesmente não existe. O argumento deles é algo assim:
- Se existe um Deus, Ele é, por definição, todo poderoso e todo amoroso. Em outras palavras, se há um Deus, Ele é um Deus ‘bom’.
- Um Deus bom, todo-poderoso e todo amoroso não permitiria que a dor e o sofrimento existissem em Seu mundo criado.
- A dor e o sofrimento EXISTEM em nosso mundo.
- Portanto, um Deus bom, todo poderoso, todo amoroso não existe.
É fácil entender por que os céticos
poderiam fazer este tipo de argumento, e é importante para todos nós
pensarmos nas questões e ver se este argumento é realmente verdadeiro.
Por que um Deus bom permitiria dor e sofrimento? Não criaria um Deus bom
um mundo no qual a Sua criação experimentaria nada além do conforto,
amor e gratificação imediata? Não desejaria um Deus bom eliminar a dor e
o sofrimento? Precisamos responder estas perguntas, e ao procurarmos
profundamente por estas respostas, poderemos descobrir algumas falácias
que estão inibindo a nossa compreensão do papel da ‘dor’ e ‘sofrimento’.
Vamos analisar estas falácias e ver se é possível para um Deus bom,
todo-poderoso e todo-amoroso criar um mundo em que a dor e o sofrimento
são uma parte importante de Sua criação amada…
A Falácia do ‘Conforto’
Vamos começar com uma pergunta simples:
“É possível que um Deus bom pode não entender ‘conforto’ no mesmo apreço
que nós, humanos, entendemos?” Em outras palavras, é possível que o
conforto não seja tudo aquilo que pensamos que seja? Pense nisto por um
minuto. Você e eu sabemos que muitas vezes que BUSCAMOS a dor em um
esforço para alcançar algum bem maior. Deixe-me dar-lhe um exemplo. Você
já ficou dolorido depois de um bom exercício? Você já exerceu e sentiu a
dor dos músculos que foram esticados e estes foram exigidos a fazer
mais do que normalmente podem fazer? Sabemos que a dor deste tipo é um
indicador de que temos exercitado bem e que este exercício irá,
eventualmente, produzir um melhor nível de aptidão! Você já exercitou
SEM ficar dolorido depois? Quando isto acontece, você não pondera se tem
esforçando-se o bastante? Assim, reconhecemos que a dor é muitas vezes
algo que estamos dispostos a suportar a fim de alcançar um objetivo
maior. Claro, nós poderíamos permanecer no conforto, mas nos encontramos
antecipando a dor de um bom exercício. A dor na verdade torna-se uma
fonte de prazer!
Existe um senso entre os céticos de que
um bom Deus estaria mais interessado em nosso conforto do que qualquer
outra coisa. Para pessoas assim, o desconforto na verdade é uma prova de
que Deus não existe. Mas arrazoe sobre esta ideia por um minuto;
estamos realmente preparados para dizer que um Deus ‘bom’ se preocupa
mais com o nosso conforto do que o nosso caráter? E se um Deus bom, por
definição, deveria se preocupar mais com o nosso caráter do que o nosso
conforto, não é razoável que este mesmo Deus possa usar a dor de
desenvolver este caráter?
Não é razoável que este Deus bom pode
valorizar a dor que eventualmente produz algo desejável?
Consequentemente, este é exatamente o tipo de Deus que nós, como
Cristãos, acreditamos que existe. Os Cristãos entendem que Deus pode
usar a dor e o sofrimento para realizar algo maravilhoso. O sofrimento
permite-nos demonstrar amor e compaixão, e desenvolve um caráter que é
maduro e duradouro:
Romanos 5:3-4
E não somente isto, mas também nos
gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E
a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
Tiago 5:10-11
Meus irmãos, tomai por exemplo de
aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que
temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência
de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito
misericordioso e piedoso.
1 Pedro 5:10
E o Deus de toda a graça, que em
Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido
um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e
fortalecerá.
Então, os Cristãos não afirmam que a
existência de Deus exclui a existência da dor e sofrimento. Em vez
disso, os Cristãos sempre afirmaram que Deus usa a dor e o sofrimento
para realizar um bem maior. O conforto nunca foi este bem maior; o
objetivo de Deus sempre tem sido mais focado na questão do caráter.
A conclusão: Um Deus bom dar valor ao
caráter mais do que o conforto. O caráter é frequentemente melhor
desenvolvido como resultado da nossa experiência de dor e sofrimento.
Deus, portanto, permite algum nível de dor e sofrimento para desenvolver
o nosso caráter.
A Falácia do ‘Amor’
Agora, vamos fazer outra pergunta:
“Podemos realmente chamar Deus, que usa a dor para desenvolver o nosso
caráter, de ‘amor’?”. Em outras palavras, pode um Deus amoroso
justificadamente permitir a inflição da dor, independentemente de se
haver ou não um bem maior como resultado no futuro? Para responder a
esta pergunta, precisamos realmente compreender o caráter de Deus
relacionado com a questão de ‘amor’. A Bíblia frequentemente descreve
Deus como ‘amor’; a escritura também descreve a natureza de Deus como o
equilíbrio perfeito da misericórdia e da justiça. O amor pode, portanto,
ser descrito como a combinação perfeita de misericórdia e justiça. Esta
definição pode parecer estranha para um mundo que vê o amor como a
resposta emocional simples da misericórdia somente. Mas se pretendemos
compreender o papel da dor e sofrimento em nosso mundo, precisaremos em
primeiramente de entender a natureza equilibrada do amor de Deus.
Os céticos podem argumentar que o bom
caráter pode ser alcançado por um Deus amoroso sem nunca ter que usar a
dor ou sofrimento. Eles certamente argumentariam que a ideia de um Deus
amoroso é inconsistente com o Seu uso de dor mental ou fisiológica. A
visão deles de um Deus ‘amoroso’ espera que um Deus como este nunca
disciplinaria os seres humanos com punição positiva, mas, ao invés,
estimularia os seres humanos em direção ao comportamento e caráter
correto através do reforço positivo somente. Eles podem oferecer o
exemplo do dono do cachorro que está tentando ensinar o seu cachorro a
fazer suas necessidades. Se tal dono fosse bater no cachorro dele todas
as vezes que este não fizesse o que ele quisesse, considerá-lo-íamos um
dono ‘amoroso’? Não considerá-lo-íamos um dono mais amoroso se ele desse
ao cachorro um biscoito todas as vezes este usasse o quintal
apropriadamente? Semelhantemente, um Deus amoroso encorajaria e
estimularia os humanos através do prazer ao invés de disciplinar os
humanos por meio da dor, não é?
Bem, vamos analisar a natureza do amor
mais uma vez, e desta vez, vamos relacioná-la com a nossa própria
experiência. Se você for um pai ou mãe (ou já teve um dos pais), você
sabe que o reforço positivo (misericórdia) por si só simplesmente não é
suficiente para mudar o comportamento das crianças. Todos nós
concordaríamos que crianças comportam-se de maneiras que são ambos
aceitáveis e inaceitáveis. Os pais geralmente recompensam
comportamentos aceitáveis na tentativa de incentivá-los. Mas quando os
pais falham em punir um comportamento inaceitável, eles estão, em
essência, incentivando este comportamento ruim também. A maioria de nós
que já foram pais reconhece que simplesmente não é suficiente para
recompensar o que é aceitável. Deixar de punir o que é inaceitável é na
verdade uma recompensa em si mesmo.
Quando os criminosos ficam na frente de
um juiz, tendo sido julgados culpado de um crime, a justiça exige não
somente que eles não serão recompensado, mas que eles sofrerão uma
punição apropriada. Se o juiz falhar em ser justo em relação àqueles que
tenham cometido um crime, ele falha em amar aqueles que foram
vitimizadas. O amor requer o equilíbrio de misericórdia e justiça, e a
dor é frequentemente aplicada para o benefício amoroso do objeto de
nosso amor. Semelhantemente, Deus frequentemente demonstra a Sua
natureza amorosa (Sua misericórdia, fidelidade, justiça e poder) em meio
às circunstâncias dolorosas:
João 9:1-3
E, passando Jesus, viu um homem cego
de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem
pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem
ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as
obras de Deus.
Além disto, nós, como filhos de Deus, somos muitas vezes conformados ao caráter de Deus através da dor e sofrimento:
2 Coríntios 12:7
E, para que não me exaltasse pela
excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um
mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
Salmo 119:71
Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.
Hebreus 5:8
Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.
Então, os cristãos têm uma visão bem
equilibrada do ‘amor’ que permite a existência da dor e sofrimento. A
cosmovisão Bíblica não exclui a existência de Deus com base simplesmente
na existência de tal dor e sofrimento, porque entende que a natureza do
‘amor’ inclui a necessidade de justiça.
A conclusão: Um Deus amoroso demonstra o
equilíbrio perfeito entre a misericórdia e justiça. A justiça muitas
vezes requer a inflição da dor e sofrimento para alcançar um bem maior.
Deus, portanto, permite algum nível de dor e sofrimento, a fim de manter
o caráter justo do ‘amor’.
A Falácia da ‘Satisfação Imediata’
Vamos fazer uma última pergunta: “Por
que um Deus bom e todo-amoroso criaria um mundo em que as pessoas sofrem
e morrem em dor não resolvida, ao invés de viver sem dor?” Em outras
palavras, por que um bom Deus nos permitiria sofrer ou morrer
injustamente, sem a resolução (ou satisfação) da nossa dor ou
sofrimento? Muitas pessoas sofrem de doença ou como resultado de uma
catástrofe, e continuam a sofrer (ou até mesmo morrer) antes que possam
ser curados ou antes que a sua situação possa ser revertida. Como pode
um Deus bom permitir tal sofrimento não resolvido? Não permitiria um
Deus bom que o nosso senso de misericórdia e justiça fosse satisfeito
antes de morrermos? Precisamos lidar com o fato de que muitas pessoas
sofrem muita dor e NUNCA experimentaram alívio terreno. Se o Deus
Bíblico realmente existe, precisamos entender a natureza da “satisfação
Bíblica”.
Se os ateus estiverem corretos, nós
humanos temos uma vida útil muito curta. Vivemos aproximadamente 80 anos
de idade e depois morremos em um estado de fragilidade e decadência. Se
os ateus estiverem certos, gastamos cerca de 80 anos vivendo em um
mundo em que a dor e sofrimento muitas vezes parecem completamente
injustificado e injusto; 80 anos de lenta decadência em que muitas vezes
sentimos crescente dor , crescente decepção e crescente sofrimento. Do
ponto de vista ateísta, a vida é um passeio curto e brutal, cheio de dor
não resolvida. É compreensível que a cosmovisão ateísta relacionada à
natureza da existência humana descreve a nossa existência mortal como
uma experiência dura e muitas vezes sem amor. Um mundo ateísta é
verdadeiramente inconsistente com a existência de Deus.
Mas e se a visão ateísta da existência
humana estiver completamente imprecisa? E se a vida humana não for
limitada aos 80 anos que passamos aqui na terra? E se os humanos, em vez
de viverem por 80 anos mortais, forem, na verdade, IMORTAIS pela sua
própria natureza? Faria isto uma diferença na forma como entendemos a
natureza da dor e sofrimento assim como a experimentamos nos primeiros
80 anos? Pode ser. Deixe-me dar-lhe um exemplo por meio de uma
ilustração.
Vamos imaginar a vida de uma moça
(chamada Brittney), que acabou de comprar seu primeiro carro, e vamos
congelar a sua história em três locais específicos para avaliar o papel
da dor e sofrimento em sua vida. A Brittney compra seu primeiro carro
depois de juntar seu dinheiro por muitos meses. Ela não tem uma família
rica, então ela compra um carro usado (um Yugo do ano 1990) de um amigo
por $1.000,00. O carro roda muito bem e está limpo; ela está tão feliz
de tê-lo. No primeiro fim de semana depois de comprar o carro, ela vai
até a praia com este, dirigindo-o ao longo da estrada visando a água.
Vamos CONGELAR a história de Brittney. A vida é boa para Brittney em
relação à dor e sofrimento? Embora a vida não seja necessariamente ótima
(ela está, afinal, dirigindo um Yugo de 1990!) teríamos que concordar
que, em relação à dor e sofrimento, a vida dela é muito boa. Agora vamos
continuar…
Enquanto a Brittney está dirigindo pela
praia, ela envolve-se em um acidente de carro. Ela é atingida pelo lado
por um adolescente bêbado em um Hummer. O carro dela está completamente
destruído e ela está gravemente ferida. Depois do acidente, ela está
deitada na cama e os médicos lhe disseram que suas duas pernas estão
quebradas. A Brittney precisará MESES de reabilitação se algum dia
espera recuperar a vida que ela já teve. A Brittney está com dores
terríveis; ela não consegue dormir e mal consegue mover-se. Vamos
CONGELAR a história da Brittney mais uma vez. A vida é boa para a
Brittney em relação à dor e sofrimento? Não. Neste ponto de sua
história a vida está terrível. O corpo da Brittney está aleijado com dor
enquanto ela está inocentemente sofrendo a consequência de um acidente
que claramente não era culpa dela. O carro dela foi destruído. Se a
história terminar aqui, a Brittney teria que dizer que a vida NÃO é boa.
Mas há um pouco mais sobre a história da Brittney, então vamos
continuar…
Por vários meses após o acidente,
Brittney está envolvida em reabilitação intensiva. Ela descobre um senso
de determinação e força que ela nunca percebeu que tinha. Ela está mais
paciente e determinada do que nunca antes. Seu treinamento de
reabilitação resultou em uma recuperação completa. Ela está
completamente sem dor. De fato, um ano após o acidente, ela agora está
na melhor forma de toda a sua vida. Ela tornou-se uma corredora e goza
de um nível de condicionamento até então desconhecido para ela. E além
de tudo isso, o seguro dela cobriu a reposição de seu carro destruído.
Ela encontrou um ótimo negócio e agora possui um Honda ano de 2005 (uma
grande melhoria desde o Yugo!).
Anos após o acidente, a Brittney tem
quase esquecido a dor e sofrimento que uma vez experimentou, mas ela
continua vivendo com as bênçãos que saíram daquele terrível tempo em sua
vida. O acidente parece ser um curto piscar de olhos em comparação com
os anos que se seguiram. Vamos CONGELAR a história da Brittney uma
última vez. A vida está boa da perspectiva da dor e sofrimento? Sim, a
vida da Brittney está boa. Ela passou por muita coisa, mas agora está em
melhor condição física do que nunca antes, tem desenvolvido um caráter
determinado e serene que ela não tinha anteriormente, e ela está até
mesmo dirigindo um carro melhor!
Então, o que tudo isto têm a ver com o
nosso entendimento de “gratificação imediata”, a dor e sofrimento? Bem,
imagine se a Brittney morresse logo após a segunda estrutura de
CONGELAMENTO na história dela. E se ela tivesse morrido naquele acidente
de carro? Será que nos sentimos como se Deus tivesse sido justo com
ela? Será que duvidaríamos da existência de Deus por causa da maneira
que a Brittney experimentou a dor , sofrimento e morte? Creio que sim.
Queremos que a vida seja uma história de sucesso. Queremos um final
feliz e queremos o melhor que a vida tem para oferecer agora mesmo
(imediatamente). Quando vemos pessoas sofrerem sem resolução imediata (e
satisfação), começamos a duvidar da existência ou bondade de Deus.
A cosmovisão ateísta nos diz que a
história da Brittney termina na segunda estrutura de CONGELAMENTO. A
cosmovisão ateísta argumenta que toda a vida é curta e muitas vezes
acaba em tragédia ou decadência. A cosmovisão ateísta afirma que a vida
termina com a morte e não há nada mais. Esta vida mortal é tudo o que
temos. A cosmovisão Cristã, por outro lado, não termina na segunda
estrutura de CONGELAMENTO. A cosmovisão Bíblica afirma que toda a vida
humana continua após o túmulo. A vida não termina com a morte física; o
ponto de nossa morte física é apenas o começo da nossa vida eterna
espiritual! Se isto for verdade, estamos simplesmente viajando por esta
EXATA existência breve a caminho de uma vida eterna, onde nenhuma dor ou
sofrimento possa ser experimentado (se temos confiado em Jesus para
nossa salvação):
1 Coríntios 7:29-31
Isto, porém, vos digo, irmãos, que o
tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam
como se não as tivessem; E os que choram, como se não chorassem; e os
que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não
possuíssem; E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem,
porque a aparência deste mundo passa.
João 17:14, 17
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os
odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
1 Tessalonicenses 4:13-18
Não quero, porém, irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como
os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a
trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós,
os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que
dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos
ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns
aos outros com estas palavras.
Hebreus 11:13-16
Todos estes morreram na fé, sem terem
recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e
abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E
se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam
oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a
celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar
seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.
Então, a cosmovisão Cristã não tem
nenhum problema em explicar a existência da dor e sofrimento, não porque
seja insensível ou ignorante em relação a existência do sofrimento ao
redor do mundo, mas porque tem certeza da verdadeira natureza eterna da
existência humana. Os cristãos podem ser pacientes para com a justiça e
misericórdia, porque eles sabem que esta vida é muito curta em
comparação com a eternidade. Os cristãos sabem que qualquer dor e
sofrimento que possamos experimentar nesta vida mortal serão como um
piscar de olhos em comparação com a eternidade.
A conclusão: Um Deus amoroso providencia
aos humanos com uma existência além do túmulo. Toda felicidade, amor,
misericórdia e a justiça não precisam ser satisfeitos imediatamente
nesta vida, porque todos esses desejos serão satisfeitos na eternidade.
Deus, portanto, permite algum nível de dor e sofrimento porque ele sabe
(e tem comunicado) a passageira e curta natureza de nossa experiência
mortal.
Então, Como Pode Deus existir?
Então, como pode um Deus todo-poderoso
de amor permitir dor e sofrimento? Da mesma forma que um pai amoroso
pode permitir que sua criança infantil sofra com a agulha do médico.
Imagine um pai trazendo seu bebê ao consultório do médico para uma
vacina contra a gripe. Da perspectiva da criança, a vacina é
terrivelmente dolorosa e indesejada. A criança não sente-se como se ele
ou ela tem feito alguma coisa para merecer isto, e não tem nenhum desejo
de sofrer através da experiência. Mas o pai sabe mais, mesmo que a
criança simplesmente não pode começar a entender o que está acontecendo.
O pai sabe que a dor da injeção irá proteger a criança; isto irá
resultar em algo que beneficia a criança. E o pai também sabe que ele
está agindo por amor, mesmo que um dia sem dor na perspectiva da criança
possa parecer uma abordagem mais amorosa. O pai sabe que o verdadeiro
amor muitas vezes exige que ele permita um pouco de dor por parte da
criança. E, finalmente, o pai sabe que a dor da injeção está passando em
relação à vida da criança. Por todas estas razões, o fato de que o pai
permitiu a dor da injeção não nega a sua existência! É completamente
razoável supor que um bom pai amoroso pode permitir dor e sofrimento
para um destes três motivos, e de forma semelhante, é completamente
razoável supor que um Deus amoroso pode permitir dor e sofrimento em
nossas próprias vidas.