quarta-feira, 20 de junho de 2012

O PENTECOSTALISMO NO BRASIL

Com cultos muito concorridos e entusiásticos, leitura de textos bíblicos, uso de linguagem e músicas populares..., o pentecostalismo tornou-se, na segunda metade do século XX, o movimento religioso de maior expansão no mundo ocidental.
O PROTESTANTISMO
No Brasil, o desenvolvimento do protestantismo foi constante durante todo o século XX e o número de protestantes está ainda em contínuo aumento, devido sobretudo ao grande incremento que tiveram as igrejas pentecostais nas últimas décadas.
Há três tipos principais de protestantismo no Brasil:
1.º ) Protestantismo de imigração: começou em 1823 com a vinda dos colonos protestantes, na maioria alemães, mas que ficou limitado às regiões de cultura alemã;
2.º ) Protestantismo trazido pelos missionários estrangeiros: em geral veio através dos anglo-saxões, a partir de 1853. Também nesse caso os resultados foram limitados.
3.º ) Protestantismo pentecostal: iniciado em 1910, começou a ter uma difusão maior a partir de 1950, com o nascimento das primeiras denominações brasileiras. Trata-se de uma verdadeira “explosão”, como se constata nos últimos 30 anos.
Os números são claros: os protestantes eram 1% da população em 1890, 2,6% em 1940, 3,3% em 1950, 5,2% em 1970, 6,6% em 1980 e 8% em 1991.
PENTECOSTALISMO
Até 1950, o protestantismo de matriz pentecostal estava reduzido, no Brasil, a três organizações religiosas de matriz americana: Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil e Igreja do Evangelho Quadrangular.
A partir dessa data, começou a se impor um pentecostalismo autônomo, com matriz brasileira e independente do exterior. As quatro Igrejas que mais se impuseram foram:
  • a Igreja Brasil para Cristo, fundada em 1956 por Manoel de Mello, substituído depois da morte pelo filho Paulo Lutero de Mello e Silva;
  • a Igreja Deus é Amor, fundada em 1962 por Davi Miranda;
  • a Igreja Casa da Bênção, presumivelmente fundada em 1974;
  • a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 por Edir Macedo.
O sucesso das igrejas pentecostais pode ser, em parte, explicado também pelas diversas crises pelas quais passaram as igrejas históricas e tradicionais, especialmente a católica.
A migração de fiéis da Igreja católica para as evangélicas atingiu 64% de todos os que ultimamente a elas aderiram. Parece haver algo nas Igrejas tradicionais que faz com que as pessoas não se sintam mais atraídas por elas.
A seguir, nesta edição, apresentamos duas destas igrejas pentecostais.
A ASSEMBLÉIA DE DEUS
Foi a primeira a originar-se do pentecostalismo. Nos primeiros anos do século, formaram-se comunidades (ou congregações) pentecostais não organizadas em movimentos. Foi em 1914 que, em Hot Spring (EUA), reuniram-se em assembléia geral centenas dessas comunidades pentecostais, até então independentes, e seus pastores decidiram formar uma só entidade que passou a ser chamada de “Assembléia de Deus”.
Gunnar Vingren e Daniel Berg, suecos, foram os primeiros missionários dessa Igreja que vieram ao Brasil. O primeiro, na Suécia, pertencia à Igreja batista mas, quando foi para os Estados Unidos, recebeu o batismo no Espírito Santo e o dom das línguas, conforme suas próprias palavras. Gunnar tinha a viva sensação da presença de Deus dentro de si.
Os membros do movimento recém-formado, exatamente como Paulo e Barnabé em Antioquia, sentiram-se chamados a anunciar Cristo entre as nações. Durante uma reunião, Gunnar e Daniel ouviram insistentemente, em língua estranha, a palavra “Pará”. Será que se tratava do lugar para onde o Espírito Santo queria enviá-los? Consultaram vários mapas e descobriram que a palavra indicava um Estado no Brasil, na Amazônia. E foi para o Pará que, em 1910, vieram para anunciar a mensagem pentecostal.
Pelo que foi dito até aqui e pelo que se encontra nos depoimentos dos primeiros missionários da Assembléia no Brasil, tornam-se evidentes algumas características desse movimento: dar muita importância a avisos, revelações e sonhos que influenciam o comportamento futuro e as escolhas que seus adeptos fazem.
A religiosidade que propõem dá muita importância ao aspecto afetivo, à sugestão, às emoções. Interpretam com muita facilidade os acontecimentos como intervenções milagrosas de Deus. Isso pode ser visto na narração que Daniel Berg faz de algumas circunstâncias a respeito de sua viagem ao Brasil: “Deus confirmou que devíamos ir para o Pará.” Se ainda houvesse qualquer dúvida, esta desapareceria dias mais tarde, quando o irmão Vingren, durante um de seus longos passeios de meditação, ouviu claramente uma voz que lhe falava ao ouvido, dizendo: “Se forem, nada lhes faltará”.
A CONGREGAÇÃO CRISTÃ DO BRASIL
A Congregação Cristã do Brasil é outro movimento do grupo pentecostal, fundada pelo italiano Luigi Francescon, imigrante nos Estados Unidos. Antes de aderir ao movimento pentecostal, o fundador foi presbiteriano e batista. Suas atividades religiosas começam com a organização de comunidades entre os colonos italianos dos Estados Unidos.
Em 1909 e 1910, fez uma viagem à Argentina e ao Brasil e aqui fundou sua primeira congregação pentecostal, em Santo Antônio da Platina (Paraná), sempre entre imigrantes italianos. Até 1935 a Congregação Cristã do Brasil ficou restrita às pessoas dessa origem, só em seguida abriu-se a outros.
A Congregação Cristã do Brasil apresenta algumas características que a distingue de todas as Igrejas de matriz pentecostal:
  • há menos participação emotiva, menos agitação em suas reuniões;
  • seus membros evitam o título de pentecostais e também a colaboração com outras correntes do protestantismo;
  • são muito severos quanto ao comportamento das mulheres e sua apresentação exterior, não permitindo roupas curtas e que cortem os cabelos;
  • não gostam dos membros que se sobressaem; preferem os humildes e até os pouco instruídos, pois dizem que Jesus pregou a humildade e a simplicidade;
  • chamam o batismo no Espírito Santo de “promessa do Espírito Santo”;
  • não gostam de manifestações, tais como: pregação nas ruas, pelo rádio ou pela TV
Sua prática se limita aos seus cultos e sua missionariedade consiste em convidar parentes, amigos e outras pessoas que encontram nas ruas, no trabalho e em viagens, para que freqüentem o culto em suas igrejas.
Muitas denominações do ramo pentecostal têm facilidade em interpretar, como intervenções divinas ou até mesmo milagres, os fatos comuns de suas vidas.
Na próxima edição, apresentaremos outras denominações cristãs de tipo pentecostal. Aguardem.
Alberto Garuti 
 

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